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Eva teve relação sexual com a Serpente?

Por: Cleiton Gomes


A teoria de que Eva teria tido uma relação sexual com a serpente no Éden, resultando no nascimento de Caim como filho biológico da serpente e, consequentemente, filho do diabo, não encontra qualquer respaldo na Escritura ou na lógica teológica.

1. A origem comum da humanidade: A Bíblia estabelece claramente que todos os seres humanos têm como ancestral comum: Adão. Atos 17:26 declara: "De um só sangue fez toda a nação dos homens". A criação de Eva a partir de Adão não implica a participação de seres não humanos, como a serpente. Portanto, a alegação de que Caim seria filho de uma serpente, e não de Adão, é incompatível com a teologia bíblica da criação.

2. Caim como filho de Adão: Gênesis 4:1 afirma que Caim é filho de Adão e Eva, sem qualquer menção a uma origem distinta ou relação com a serpente. Qualquer sugestão de que Caim seria "filho do diabo" por meio de uma relação com a serpente é uma leitura distorcida do texto, que desconsidera o contexto histórico e teológico.

3. A natureza da serpente: Em Gênesis 3:1, a serpente é descrita como um "animal do campo", pertencente à classe dos répteis. A ideia de que uma serpente poderia gerar um filho humano é biologicamente impossível. O princípio bíblico de que cada ser se reproduz segundo sua própria espécie (Gênesis 1:24-25) refuta qualquer possibilidade de uma interação física entre Eva e a serpente que resultasse em procriação. O pássaro não pode gerar o filho do elefante, nem a égua gerar o filho de um golfinho, muito menos o peixe gerar o filho de um gafanhoto. No mesmo sentido, o ventre da mulher está programado para reproduzir conforme a sua própria espécie. A biologia da criação, conforme descrita nas Escrituras, descarta essa ideia. 

4. A "semente da serpente": Em Gênesis 3:15, a "semente da serpente" refere-se a um conflito moral e espiritual, e não a uma linhagem biológica. A "semente da serpente" simboliza a natureza pecaminosa e enganosa representada por Satanás. Referências bíblicas, como João 8:44 e 1 João 3:8, deixam claro que "filhos do diabo" é uma metáfora, representando aqueles que se alinham com o mal, e não uma questão de procriação literal.

5. A ausência de Caim nas genealogias: A ausência de Caim nas genealogias bíblicas é citada como prova de sua origem demoníaca. No entanto, a omissão de um nome nas genealogias não indica uma origem sobrenatural, mas sim uma escolha narrativa para destacar aqueles com relevância teológica, como os ancestrais do Messias. A omissão de Caim não implica uma linhagem "maldita", mas um foco narrativo.

6. "Filhos de Abraão": As pessoas chamadas por Yeshua de “filho do maligno” (João 8:44) também foram identificadas como "filhos de Abraão" segundo a carne (João 8:53, 56). Isso significa dizer que Abraão era da linhagem amaldiçoada da serpente? Se assim for, então todos os israelitas seriam filhos do diabo, inclusive Yeshua, já que ele também era chamado "filho de Abraão" (Mateus 1:1).

Isso deixa claro que a expressão "filhos do diabo" não se refere a uma linhagem biológica, mas àqueles que, por suas atitudes e escolhas, se alinham com o mal e a rebelião contra o Criador. A paternidade espiritual é definida pelas ações e decisões de uma pessoa, e não pela sua ascendência genética. Leitor, consegue entender a quantidade de absurdos que podem ser formados ao defender a ideia de relação sexual entre a serpente e Eva?

7. A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal: A teoria de que a árvore do conhecimento do bem e do mal representaria a serpente e que o "fruto" seria uma metáfora para o sexo é uma interpretação falaciosa e descontextualizada. Essa visão ignora o contexto simbólico e moral presente nas Escrituras. O "fruto" da árvore não deve ser entendido como algo literal, mas como uma representação simbólica da escolha moral que Eva teve de fazer. Gênesis 3:6 mostra claramente que Eva desobedeceu ao mandamento divino ao escolher comer do "fruto", o que representa a sua decisão de desobedecer à instrução dada pelo Criador. A árvore, portanto, simboliza a liberdade humana de escolher entre o bem e o mal. A ação de Eva reflete uma escolha de desobediência, não um ato físico como uma relação sexual com a serpente. A verdadeira transgressão foi a rejeição da ordem divina, não uma interação física.

Muitos argumentam que "a árvore do conhecimento do bem e do mal" seria uma metáfora para a serpente, visto que, na Bíblia, é comum que pessoas ou entidades sejam comparadas a árvores. Por exemplo, Yeshua é descrito como a "videira" (João 15:1), e o povo de Israel é simbolizado como a "oliveira" (Romanos 11). Contudo, isso não justifica a ideia de que a árvore fosse, de fato, a serpente e que Eva tivesse praticado relação sexual com ela ao comer do seu "fruto". Essa teoria é absurda, pois a Escritura nos mostra que tanto os querubins quanto o próprio ETERNO são descritos como conhecedores do bem e do mal (Gênesis 3:22). De acordo com esse raciocínio, deveríamos então afirmar que o ETERNO e os querubins também tiveram relações sexuais com o diabo, uma ideia obviamente absurda.

Além disso, a tradição mística judaica, particularmente na Cabalá, oferece uma interpretação mais profunda sobre o significado da árvore do conhecimento do bem e do mal. Na Cabalá, a "árvore da vida" é vista como um símbolo das emanações do ETERNO nos mundos criados, e a "árvore do conhecimento do bem e do mal" é entendida como um canal no meio dessa formação. Arieh Kaplan, um renomado cabalista, explica que:

A disposição completa das Sefirot é frequentemente chamada de "Árvore da Vida". A linha central, de Kéter a Malchut, quando considerada sozinha, é chamada de "Árvore do Conhecimento". É sobre esta linha que o bem e o mal se juntam, sendo este o mistério da "Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal" (Gênesis 2: 9) da qual Adam e Eva foram ordenados a não compartilhar”. (Sefer Ietsirá, Editora Sêfer, 4ª edição, 2011, página 73).

 Embora o leitor não precise entender imediatamente esse conceito místico de emanações, é importante notar que ele refuta a ideia de que a serpente seria a própria árvore do bem e do mal.

8. Caim e Abel: Irmãos Gêmeos?

Vale destacar que Caim e Abel não nasceram no mesmo dia, logo, não eram irmãos gêmeos. Se fossem, a Escritura teria deixado isso claro, assim como fez ao descrever o nascimento de Esaú e Jacó (Gênesis 25:24-25). A Bíblia também registra que Judá gerou filhos gêmeos em sua nora, Tamar (Gênesis 38:24-29), e em outros relatos, como o de sua esposa, que gerou três filhos em sequência (Gênesis 38:1-5), mas não menciona o intervalo entre o nascimento de cada um. Isso significa que devemos supor que eram trigêmeos? A resposta é um sonoro "não". Portanto, não podemos afirmar que Caim e Abel eram gêmeos com base apenas no fato de que um nasceu após o outro.

Conclusão A teoria de que Eva teve relações sexuais com a serpente carece de fundamento teológico, histórico e científico. A Escritura é clara ao afirmar que a humanidade tem sua origem em Adão e Eva, e que a serpente era uma criatura distinta, usada como instrumento de Satanás, mas sem qualquer capacidade para gerar descendência humana. A "semente da serpente" é uma expressão metafórica que representa a oposição espiritual entre o bem e o mal, e não uma linhagem literal. Devemos rejeitar tais interpretações e focar no verdadeiro significado do pecado de Eva: a desobediência, que trouxe a queda sobre toda a humanidade.


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