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Por que Davi era desprezado em sua mocidade?

Por: Cleiton Gomes 


O drama na vida de Davi iniciou quando seu pai, Jessé, começou a duvidar de sua própria ascendência judaica. Ele acreditava não ser um autêntico judeu, visto que sua ancestral Rute era uma moabita convertida (Rute 1:16-17; 4:5,13); assim, pensava que por descender de uma moabita convertida, ele considerou ser apenas um convertido também. Se a sua ancestral não nasceu de forma legítima da linhagem israelita, ele julgava não poder conviver com uma mulher que era uma judia autêntica, Nitzevet (ou Natzvat), a futura mãe de Davi. Este nome foi extraído do registro no Talmud babilônico, tratado de Bava Batra 91a.


Foi pensando dessa maneira que decidiu se afastar sexualmente de sua esposa Nitzevet, e como ele vivia em uma época onde a poligamia era aceita naturalmente, em uma certa noite decidiu querer ter relação sexual com sua serva cananita, pois, julgava ser mais justo um ex-pagão convertido viver com outro ex-pagão convertido. Porém, a cananita convertida era amiga de Nitzevet, e conhecia o desejo que sua senhora tinha de ter um filho. Foi então que decidiu enganar Jessé, o qual teria relação sexual com Nitzevet durante a noite, só bastava trocar de lugar com ela. E assim foi. 


Jessé transou com a sua esposa durante a noite e a engravidou, porém, ele nem desconfiava do plano daquelas duas mulheres. E, com o passar do tempo, a barriga de Nitzevet começou a crescer bastante, de maneira que Jessé e seus outros filhos começaram a olhar para ela com maus olhares, pensando ser ela uma adúltera, que deveria ser sentenciada à morte. No entanto, Jessé teve piedade dela e aceitou criar aquele menino com alguns termos: ele seria considerado o menor de sua casa, e cresceria sendo um servo humilde e desprezado. 

 

A mãe de Davi guardou em segredo a origem de sua gravidez, não contando para ninguém nem mesmo para seu próprio filho, e pediu para a cananita guardar o segredo da mesma maneira. E assim, Davi cresceu pensando ser fruto de adultério, por isso escreveu: “em iniquidade fui formado e em pecado me concebeu a minha mãe” (Salmos 51:5). Certamente Nitzevet não era uma prostituta ou adúltera, e sabia que seu filho era um verdadeiro israelita ainda que ele mesmo não tivesse essa certeza. Mas, no futuro esse segredo seria revelado por revelação divina. 


O ETERNO ordenou que Samuel fosse para a casa de Jessé ungir um dos filhos dele (I Samuel 16:1), e quando chega até a presença deste homem solicita que ela traga seus filhos. Todos os considerados filhos de Jessé foram chamados para comparecer no local, mas Davi não foi chamado. Quando o profeta olhou para aqueles rapazes, tentou julgar pela aparência que um deles seria o futuro rei, mas o ETERNO logo lhe mostrou que não era nenhum deles. Então, de forma sábia Samuel pergunta: “estes são todos os moços desta casa?" A resposta para sua pergunta foi haver um moço pastoreando as ovelhas.


Perceba que ele não perguntou: “são estes todos os teus filhos?”.


Após o menino ser trazido para o lugar onde estava o profeta, O ETERNO afirmou ser aquele que deveria ser ungido para reinar em Israel no futuro. Naquele momento, Samuel entendeu o segredo que ainda não havia sido revelado para aquela família. Imagine então, pai e filho vivendo tão "próximos" como verdadeiros "desconhecidos". Ele rapidamente entendeu que Davi era filho legítimo de Jessé. 


Tudo indica que Samuel revelou esse segredo para aquela família em algum momento, pois, também lemos na Escritura que Jessé passou a considerar Davi como sendo seu filho (1 Samuel 16: 19-23 combinado com Rute 4:17). Assim, finalmente, foi revelado que Davi era um verdadeiro israelita, acabando com todo o desprezo por parte de seus parentes. 


A título de última informação, se entende que Rute, após se converter ao D'us de Israel, passou a ser contada como uma israelita natural pela fé. Todos os descendentes dela com seu marido seriam considerados israelitas naturais, não apenas pela fé. 



* Um vislumbre dessa grande cena vivida por Davi, é contada no site judaico "Chabad", e também na obra "Judaísmo e Messianismo, 2020, páginas 250 a 264”.




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