QUAL É O SIGNIFICADO DA PALAVRA TORÁ?
A palavra hebraica תּוֹרָה (Torá) deriva da raiz יָרָה (yârâh) e carrega em sua essência a ideia de “instruir” ou “apontar”, evocando o ato de lançar luz sobre o caminho que o ser humano deve trilhar. Quando traduzida para o grego na Septuaginta, ela aparece tanto como διδαχή (didachḗ), realçando seu caráter doutrinário, quanto como νόμος (nómos), sublinhando seu aspecto regulatório. Com o passar dos séculos, obras de tradução e interpretação reduziram frequentemente o termo ao sentido estreito de “lei”, contribuindo para visões que consideram a Torá um conjunto de prescrições arcaicas e até malditas. Contudo, a compreensão judaica tradicional reconhece na Torá o corpo de ensinamentos através dos quais o ETERNO orienta o ser humano a caminhar em retidão, estabelecendo princípios éticos, morais e espirituais que permanecem atemporais.
O Israel bíblico foi escolhido para ser luz entre as nações, levando essa doutrina adiante, mas ao longo da jornada enfrentou perseguições e dispersões que fizeram com que a essência das instruções divinas se perdesse em certos contextos e se diversificasse em outros. Nesse cenário, surgiram os fariseus, empenhados em resgatar as formas autênticas de seguir a Torá, e mais tarde envolveram-se em debates com essênios e outras correntes religiosas acerca da aplicação de suas normas.
Foi justamente nesse ambiente de tensões e divergências que Yeshua se manifestou, filtrando entre correntes rabínicas a essência de cada mandamento; por vezes validava uma interpretação, por vezes corrigia outra, sempre com o propósito de restaurar a integridade do ensino original. Seus diálogos com os fariseus não revelavam antagonismo contra a Torá; ao contrário, mostravam o desejo de demonstrar como praticar os preceitos de modo pleno e alinhado ao Reino dos céus.
Ao defender a Torá, os discípulos e seguidores de Yeshua continuam a missão de aprender e aplicar suas instruções, confiantes de que ele mesmo ensinou o caminho para uma observância autêntica. Assim, o estudo e o ensino da Torá não constituem mera obrigação legalista, mas expressão de uma relação íntima com o ETERNO, cuja instrução foi projetada para conduzir o ser humano a uma vida de verdade, santidade e amor ao próximo, inserindo-o no coração daqueles que ainda não conhecem esse ensino e desejam trilhar suas veredas.
Após as pregações dos apóstolos, no início do primeiro século, surgiram correntes teológicas que questionaram a validade da Torá, afirmando que ela teria sido abolida ou substituída por Yeshua. Todavia, esse entendimento se choca com as próprias palavras do Mestre, que afirmou não ter vindo para abolir a Torá, mas para aprofundar o conhecimento sobre ela (pleroo, cf. Mateus 5:17), revelando facetas mais elevadas de seu propósito divino.
A leitura acurada do conceito grego “pleroo”, conforme atesta o léxico bíblico Strong, mostra que Yeshua buscava enriquecer a experiência dos discípulos, elevando-os de uma mera observância externa para uma vivência interior da instrução recebida, de modo que cada mandamento revelasse a intenção amorosa do ETERNO. Além disso, o apóstolo Paulo explicou que a Torá foi concedida a Moisés pelo mediador celestial, identificado nas Escrituras como o próprio Messias (cf. Gálatas 3:19), demonstrando assim que o próprio Messias entregou a instrução a Moisés e invalidando qualquer argumento de antagonismo entre os ensinamentos de Yeshua e a Torá.
É importante ressaltar que a Torá foi escrita pelo dedo do ETERNO e apresentada como “Palavra Sagrada” (cf. Salmos 119:142 e 151). Isso significa que ela é a própria revelação divina, alicerce da verdade em todos os sentidos imagináveis, e que cada um de seus preceitos foi concebido para guiar o povo na construção de uma vida justa e comunitária. Desse modo, não se pode alegar que a Torá seja instrumento de maldição para quem a obedece, pois a verdadeira maldição recai sobre a transgressão e não sobre o ato de obediência (cf. Deuteronômio 27:26).
Conclui-se que a Torá permanece viva em sua proposta de instrução divina não como um fardo, mas como convite à transformação interior. Seu ensino transcende o mero cumprimento de regras ao revelar um relacionamento profundo com o ETERNO, conduzindo o ser humano a uma existência marcada pela retidão, pela comunhão e pelo amor ao próximo, cumprindo assim o propósito eterno de guiar todas as nações à luz de sua verdade.
Seja iluminado!!!
2 Comentários
Olá, o teu livro sobre a torah ainda está disponível? Faz tempo que vi ele no blog, mas não o vejo mais.
ResponderExcluirOlá, Ronildo. Já adicionei os livros novamente.
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