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O que é o Jejum?

Por Cleiton Gomes

O termo “jejum”, no contexto bíblico, carrega uma densidade de significado muito maior do que a simples privação de alimentos. Em hebraico, o verbo associado à prática é tsom (צום), que indica abstenção voluntária, geralmente de comida e bebida, como forma de humilhação da alma diante do ETERNO. Não se trata de um ritual vazio ou de autopunição, mas de uma disciplina espiritual que coloca a carne em silêncio para que o espírito fale com mais clareza.

Ao jejuar, o indivíduo se afasta do ordinário para se aproximar do sagrado. Não é o estômago vazio que move o Divino, mas sim um coração que se humilha em busca de reconexão. A Escritura é clara ao mostrar que o jejum verdadeiro está intrinsecamente ligado ao arrependimento, à entrega total, à confissão sincera e à busca pela justiça (cf. Isaías 58:3-7). Jejuar é abrir mão das distrações do corpo para ouvir o que a alma está dizendo.

Jonas 3:5-7 e Ester 4:16 são exemplos notáveis. Em ambos os casos, o povo se absteve completamente de alimento e água, reconhecendo a gravidade da situação e clamando por misericórdia. O jejum aparece aqui como resposta a uma urgência espiritual, não como moeda de troca com o Divino, mas como expressão de quebrantamento. Da mesma forma, Daniel (capítulo 9) se apresenta em oração e jejum, revestido de pano de saco e coberto de cinzas, não para fazer teatro religioso, mas para demonstrar que entendia o peso das falhas de seu povo e desejava restauração.

Essa atitude é um contraste gritante com o orgulho espiritual. Há quem diga que “não precisa jejuar para se aproximar do ETERNO”, como se o entendimento intelectual da fé fosse suficiente. Mas o jejum revela justamente que a nossa dependência vai além do que conseguimos explicar. Ao privar-se do básico (comida, bebida, conforto) o ser humano reconhece que até mesmo a sobrevivência está nas mãos do Criador. É uma forma de dizer, com o corpo: “Não sou autossuficiente. Preciso de ti para existir”.

Moisés também jejuou por quarenta dias e quarenta noites (Êxodo 34:28). Ele não apenas sobreviveu ao tempo sem alimento, mas voltou do monte com o rosto resplandecendo a glória do ETERNO. Essa experiência não foi apenas espiritual; foi transformadora. A ausência de comida, nesses casos, não é o ponto central. A ausência de distrações é. Por isso, o jejum só tem sentido se vier acompanhado de introspecção, de oração sincera e de estudo da Torá.

O próprio Yeshua também jejuou quarenta dias no deserto (Mateus 4; Lucas 4). Nesse período, ele foi tentado, mas resistiu com base nos ensinamentos da Torá. Ele nos mostra que o jejum não apenas nos aproxima do ETERNO, como também nos fortalece contra as tentações da carne. Diante disso, temos uma lição clara: o espírito venceu porque estava alimentado pela Palavra.

O ensino de Yeshua sobre o jejum também reforça o aspecto da intenção. No Sermão do Monte (Mateus 6:16-18), ele orienta seus discípulos a jejuarem em segredo, não com aparência abatida ou alardeando a prática. O valor do jejum está na sinceridade da entrega, e não no reconhecimento público. Fazer jejum para parecer piedoso é um equívoco espiritual. Jejuar é se anular diante do ETERNO, não se engrandecer diante dos homens.

No contexto conjugal, o apóstolo Paulo orienta os casais que pretendem jejuar a entrarem em acordo (1 Coríntios 7:5). Essa recomendação mostra que o jejum é um momento de consagração que afeta a vida íntima. Não é uma prática egoísta, mas uma escolha que deve ser compartilhada, quando possível, para não gerar conflitos desnecessários no lar. O jejum também é sobre responsabilidade, equilíbrio e sabedoria.

Além disso, a Escritura mostra que o jejum verdadeiro, quando acompanhado de fé, humildade e preparação, concede autoridade espiritual. Em Mateus 17 e Marcos 9, Yeshua revela que certos espíritos malignos só podem ser expulsos com jejum e oração. Ou seja, há níveis de enfrentamento espiritual que exigem mais do que palavras ou boa vontade. Exigem comunhão verdadeira, disciplina e profunda dependência do ETERNO.

É por isso que o jejum deve ser tratado com seriedade. Ele é uma arma espiritual poderosa, mas só é eficaz quando usada com reverência. Quem jejua para manipular o Divino ou para parecer mais santo do que os outros está agindo com orgulho, não com fé. Por outro lado, quem jejua com o coração circuncidado, buscando verdadeiramente a face do ETERNO, será fortalecido, transformado e renovado.

A prática do jejum, quando sincera, molda o caráter. Nos ensina a dizer “não” para a carne, a ouvir a voz do Espírito, a disciplinar os impulsos e a encontrar prazer na obediência. A Escritura nos assegura que quem buscar ao ETERNO de todo o coração, o encontrará. Esse é o verdadeiro propósito do jejum: nos tornar mais conscientes da presença do Divino e mais sensíveis à Sua vontade.

“Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jeremias 29:13).

Que todo jejum nasça desse desejo sincero de encontrar o ETERNO e se submeter à Sua vontade. Que seja um momento de reencontro com a verdade, com a pureza e com a luz. Que seja o início de uma transformação real, de dentro para fora.


Seja iluminado!!!


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