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Um Criador Invisível: A inteligência por trás da matéria

Por Cleiton Gomes

A ideia de um Criador invisível pode parecer absurda para um mundo acostumado a confiar apenas naquilo que pode ser medido, tocado, comprovado. Acreditar em algo que não se vê, nem se ouve, nem se pode reproduzir em laboratório, parece um passo fora da realidade. E, ainda assim, o próprio conceito de realidade precisa ser repensado. A realidade não é apenas aquilo que os olhos veem ou que os instrumentos detectam. 

Pense na matemática, ela é real e governa desde o movimento dos planetas até o código genético, mas não tem massa. A lógica é real, mas não ocupa espaço. A consciência é a base de toda experiência humana, mas ninguém jamais a viu. O amor é sentido, vivido, transformador, mas não pode ser posto num microscópio. A moral não é tangível, mas todos sabem que há diferença entre o justo e o injusto, entre sacrificar-se por alguém e trair. Se há tantas realidades que não dependem da matéria, por que pensar que tudo o que existe tem de ser visível?

Antes do universo haver existido, antes de qualquer partícula ser formada, antes de tempo, movimento, som ou luz, havia o que se costuma chamar de “nada primordial”, mas essa palavra é um paradoxo. O verdadeiro nada, o vazio absoluto, não pode conter sequer a semente de uma possibilidade. Se não há potencialidade, não há mudança. No entanto, houve mudança. O universo surgiu. Portanto, ou esse nada nunca foi absoluto, ou o conceito de nada precisa ser repensado. Não é razoável supor que o absoluto nada, sem qualquer potencialidade, possa dar origem a tudo. Pois do nada, nada vem. E se algo veio a ser, então esse nada era, na verdade, um tipo de tudo oculto, uma realidade primordial que não é matéria, mas tem potência. Algo que não está no tempo, mas que o gerou; que não ocupa espaço, mas que o concebeu; que não é matéria, mas que a pensou antes de manifestá-la. A ciência confirma: toda a matéria do cosmos surgiu num único instante. Mas a causa disso precisa ser, por definição, imaterial, atemporal e não-espacial.

Se o cosmos tivesse surgido de um caos absoluto, esperaríamos desordem eterna. Mas o que encontramos é matemática nas órbitas planetárias, simetria nas flores, padrões fractais nos flocos de neve. Até o comportamento quântico, aparentemente aleatório, segue probabilidades precisas. Esse nível de organização não é produto do acaso, é assinatura. Diante disso, a aleatoriedade cega parece uma explicação frágil, num universo de trilhões de galáxias, onde cada átomo dança conforme melodias matemáticas. Crer no acaso cego exige mais fé que aceitar uma mente inteligente por trás de tudo isso.

A ciência fala do Big Bang como o momento inicial. Mas o Big Bang não é explicação da origem, é o ponto de partida da expansão. É uma descrição do que aconteceu desde o primeiro instante, mas não do que causou esse instante. O tempo, o espaço e a matéria surgiram juntos, o que significa que a causa do universo precisa estar fora desses três. Precisa ser atemporal, imaterial e não espacial. Qualquer coisa que possua essas características não é parte do universo, mas origem dele. E se for origem, é por definição aquilo que não depende de nada mais. Aquilo que é necessário, não contingente. Aquilo que É, antes que tudo seja.

Essa origem, para ser coerente, precisa conter não apenas potência, mas inteligência. Porque o universo surgiu com ordem, leis, constantes matemáticas e harmonia. As partículas obedecem a princípios, as galáxias seguem padrões, a vida funciona com códigos. O DNA é uma linguagem, e linguagem pressupõe mente. A lógica está inscrita na natureza. E onde há lógica, há uma Mente estruturadora. Onde há ordem, há intenção. Se tudo tivesse vindo do caos absoluto, o resultado deveria ser caos, não estrutura. Mas o que se vê é organização, simetria, beleza, complexidade ajustada. Isso aponta não para uma explosão aleatória, mas para um impulso com direção. Para um propósito anterior ao efeito.

A mente humana, limitada ao tempo e ao corpo, naturalmente tem dificuldade em conceber uma realidade sem forma, sem começo, sem dimensão. Mas essa dificuldade não invalida a existência dessa realidade. Apenas revela que há limites no que os sentidos e a razão isolada conseguem alcançar. A fé, quando amadurece, não é inimiga da razão. Ela é seu desdobramento. É o reconhecimento de que há camadas mais profundas do real que exigem mais do que cálculos. Exigem entrega. Exigem abertura. Exigem coragem para admitir que o mistério não é sinal de ignorância, mas de reverência diante do indizível.

É compreensível que, diante disso, muitos sintam resistência. A experiência religiosa foi, muitas vezes, mal conduzida, marcada por imposições, abusos, ignorância. A crença foi deturpada, usada para controlar, alienar, enriquecer líderes à custa da fé dos simples. A Bíblia, nesse cenário, foi apresentada como um livro mágico, infalível em cada detalhe, usado de forma literalista por alguns e desdenhada como fábula por outros. Mas seu verdadeiro valor não está em ser um manual científico ou um almanaque moralista. Está em ser o testemunho vivo de gerações que experimentaram o transcendente. É um livro de encontros com A Mente por trás da criação, não de fórmulas científicas. Um conjunto de vozes que buscou sentido em meio ao caos, que ouviu respostas no silêncio, que enfrentou dúvidas profundas, e ainda assim, se manteve de pé.

A Bíblia não afirma que milagres são naturais. Afirma que são exceções, rupturas, suspensões do ordinário. O relato da serpente que fala, do jumento que adverte, do mar que se abre, não é uma afirmação de que isso pode ocorrer a qualquer momento, mas de que, em situações únicas, o ETERNO se manifestou de modo extraordinário. O milagre é sinal, não regra. E os sinais, por definição, apontam para algo maior. Quem os toma apenas como fatos estranhos perde o sentido. Eles são símbolos de algo mais profundo, mensagens cifradas da realidade maior que não pode ser vista.

Crer em um ser invisível não é loucura. É humildade diante da grandeza. É reconhecer que, se existimos, há uma razão. Que se há beleza, há um artista. Que se há verdade, há uma fonte. A ciência busca o como. A fé busca o porquê. E são perguntas diferentes. Uma explica os meios, a outra busca o sentido. Uma constrói aviões, a outra pergunta por que voar. E enquanto a ciência descobre as engrenagens, a fé pressente o relojoeiro. Não são inimigas, são linguagens distintas diante do mesmo universo.

O universo é vasto, antigo, em expansão. Mas nada disso exclui sua origem inteligente. Pelo contrário, torna essa origem ainda mais necessária. O absurdo não é crer em algo invisível, mas supor que o tudo veio do nada, que a ordem veio do acaso, que a consciência brotou de matéria cega. A verdadeira irracionalidade está em reduzir a realidade ao que se pode contar. O mistério não é ilusão, é convite. E talvez, ao aceitar que há algo maior, que havia inteligência antes da explosão, que havia intenção antes da luz, o ser humano reencontre não apenas suas raízes, mas seu destino.

Ao contemplar tudo isso, não estamos fugindo da razão, mas expandindo seus horizontes. Reconhecer que há limites no que podemos mensurar não é fragilidade intelectual, é maturidade. O invisível não é o irreal, mas o profundo. O que escapa aos sentidos pode ser mais fundamental do que tudo o que se vê. A existência do universo não exige apenas uma explicação técnica, mas uma resposta existencial. A busca por sentido não é um capricho humano, é um eco da própria estrutura da realidade. Quando abrimos espaço para essa possibilidade, não estamos apenas acreditando, estamos respondendo. Respondendo a um chamado silencioso que sempre esteve presente, que se revela nas leis que regem o cosmo, na simetria da vida, na inquietação da alma. Talvez o verdadeiro começo não esteja no instante da criação, mas no despertar da consciência para Aquele que estava antes de tudo, que não se impõe com provas, mas se revela àqueles que têm coragem de perceber.


Seja iluminado!!!



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